Nos tempos de estudante, tive a péssima idéia de fazer intercâmbio. Eu já vinha com essa idéia na cabeça há bastante tempo, desde o ginásio. Quando eu comecei o primeiro ano em 97, surgiu a oportunidade em uma daquelas promoções que passavam na televisão todo início de ano. Meses se passaram até que eu conseguisse toda a documentação necessária, sendo que quase desisti por não ter muita paciência com burocracia. Apesar disso, ficou tudo certo para eu ir para os EUA no ano seguinte. Fiquei radiante com a novidade: "Nossa! De tantos países, eu vou logo para os States!? Que show!" eu pensava.
Em abril chegou à carta dizendo que eu embarcaria no dia 27 de maio. Nessa mesma carta eu fiquei sabendo o nome da cidade para onde eu iria: Raccon City. Quando chegou a data, eu estava eufórico. Deveria me situar antes de julho, já que era aí que começava o 2º semestre juntamente com as minhas aulas.
A viagem foi tranqüila, mas a recepção não foi nada calorosa. Ainda no aeroporto da cidade vizinha, eu vi em um jornal a foto de uma moça literalmente rasgada; a manchete dizia que ela tinha sido assassinada nas montanhas Aklay, nos arredores de Raccon.
Bem, quando eu digo "cidade vizinha" é mesmo um modo de dizer, pois ela fica à 1h de viagem de Raccon. Até me admirei com o fato dessa cidade ser tão isolada (literalmente no meio de uma floresta) e ao mesmo tempo tão desenvolvida.
Não demorei a conseguir um emprego. Comecei a trabalhar como entregador em uma lanchonete, o Emmy's, que ficava perto do centro. Conheci a cidade em pouco tempo, era grande, e crescia cada vez mais pelo que pude perceber.
Os tais assassinatos continuaram, um mais estranho que o outro. Meu colega Jimmy, disse que havia visto um enorme cachorro saltando sobre um homem, quando andava nos arredores da floresta perto de sua casa que ficava um tanto afastada.
Na ocasião, ele chegou ao trabalho totalmente pálido, quase sem respirar. A polícia achou o corpo todo mutilado e com a cabeça arrancada. Eu não sabia o motivo, mas quando corpos eram encontrados nesse estado, eram incinerados, e quando perguntei a um policial o porquê disso, ele disse que nem os oficiais sabiam; eram ordens superiores.
Eu comecei a estudar. Não cheguei a fazer grandes amizades, já que eu era quieto demais e, além disso, senti certo preconceito talvez por ser estrangeiro.
Devido à continuação dos crimes, aquela equipe especial, os S.T.A.R.S., foi investigar a floresta. Quando vazou para a imprensa que eles tinham voltado relatando coisas como monstros, mortos-vivos e coisa parecida, eles viraram motivo de piada. A polícia chegou a perder sua credibilidade.
Com o passar dos meses, as coisas pioraram. No final de agosto, foi decretado toque de recolher a partir das nove e meia da noite, devido aos assassinatos que aconteciam cada vez mais perto da cidade. O medo cresceu dentro de mim, e me fez tentar comprar uma arma. Fui a uma loja de armas da cidade, mas não consegui comprar nada. O vendedor foi irredutível.
A partir do dia nove ou dez de setembro, as coisas saíram totalmente dos eixos. Começou a acontecer um surto de uma espécie de "sarna humana" na cidade, sem falar na dor de estômago. Não havia um só dia em que eu não ouvisse alguém reclamar de coceiras ou de enjôos, além de outros sintomas. Quando foi se aproximando o dia vinte, o hospital ficou um caos. Além disso, foi mais ou menos aí que os moradores perderam de vez a cabeça. Isso já tinha começado alguns dias antes, mas só foi nessa hora que saiu de controle. Pessoas atacavam umas às outras, mordiam, pareciam tentar devorar-se. Alguns foram mortos, a mordidas, a tiros, a pauladas, enfim. No dia dezoito, Jimmy chegou ao trabalho de um jeito estranho, pálido, se coçando insistentemente e sem falar coisa com coisa. Nesse dia não havia entregas devido ao caos que se formava na cidade.
Cerca de uma hora após o inicio do expediente, ele começou a me olhar de um jeito estranho, mas eu fingi não perceber. Sem mais nem menos, ele se levantou e veio na minha direção: segurou-me no braço e tentou me morder. Rapidamente, afastei seu braço e dei-lhe um soco no olho, derrubando-o. Ele caiu no chão e disse: "Desculpe... Fome...", em seguida, se levantou e saiu resmungando. Ninguém além de mim e uma balconista, a Lisa presenciou essa cena, já que a lanchonete estava vazia.
A coitada da moça, quase teve um ataque do coração quando a polícia ligou dizendo que Jimmy estava morto. Ele tinha atacado uma moça minutos depois de sair do Emmy's, mordendo-a no pescoço. Um policial atirou em sua cabeça com uma espingarda.
Tive um ataque de medo com essa história. Eu só pensava em abandonar tudo e voltar para casa. Deixei a moça lá e fui para o telefone dos fundos, tentando ligar para o Brasil; em vão, pois não havia linha. Saí de lá, chamei um táxi e perguntei se poderia me levar para fora da cidade. Ele me disse que todas as saídas estavam bloqueadas por militares e que se eu quisesse mesmo ir embora, deveria ir pela floresta (ironicamente é claro).
Comecei a me desesperar. Voltei para dentro para avisar Lisa que tentaria ir embora, mas não a encontrei. Saí correndo direto para a casinha que eu tinha alugado (que ficava perto da lanchonete), e me tranquei lá. As ruas estavam desertas, não se via uma só alma viva por ali. No dia seguinte, começaram os gritos, tiros e alvoroço na rua; eu não tinha coragem nem de abrir a cortina. Esse caos reinou por três dias até dar lugar a um silêncio fúnebre. Assim ficou até o dia 27, quando fiquei sem comida. Como a calmaria reinara durante todo aquele dia, ao cair da noite resolvi me esgueirar silencioso até a lanchonete.
Fui o mais rápido que pude. Não vi ninguém nas ruas, embora, sempre tivesse a impressão de ver alguém ou algo se mexer nas sombras. Como não vira nada, não dei atenção e continuei.
Chegando lá, encontrei a porta arrombada e ouvi gritos lá dentro que pareciam ser de Lisa. Ao entrar, vi um homem estranho mordendo o ombro dela, que gritava desesperadamente. Sem pensar duas vezes, arranquei-o de seu ataque e lhe acertei um soco no queixo, que o afastou. Cambaleando, ele me atacou, com um ruído estranho, parecido com um gemido e, eu no auge da minha fúria, peguei uma cadeira e golpeei-o com toda força, espatifando o móvel. Vendo ele se levantar, sem ao menos conseguir raciocinar, eu peguei uma lasca da cadeira e enterrei no seu peito derrubando-o novamente. Foi aí que voltei a mim, pensando "Meu Deus! Matei o cara!" e me voltei para Lisa estirada no chão atrás do balcão; seu sangue vazara aos montes e ela já agonizava. Ela tentou me dizer alguma coisa, mas antes que conseguisse parou de se mexer. Nunca soube o que ela queria me falar. Foi aí que ouvi um ruído, e voltando-me para onde tinha derrubado aquele indivíduo, vi-o de pé preparando-se para avançar novamente, mesmo com aquela lasca fincada no peito. Nesse momento, passaram-se mil coisas pela minha cabeça, mas a única delas que á importante de ser citada aqui é esta: Pela primeira vez, voltou-me à memória aquele fato dos S.T.A.R.S. terem falado sobre mortos-vivos... Era loucura, porém a única explicação que eu poderia considerar.
Uma última olhada para Lisa e depois corri para a porta (nem tive tempo de chorar por ela); antes de sair, olhei para o homem só para constatar o óbvio: ele vinha em meu encalço. Saí de lá.
Na rua, percebi um homem parado na calçada oposta, de costas como se procurasse por algo, mas não me atrevi a lhe chamar atenção. Mais a diante, uma mulher de vestido branco, também parada, voltada para o meu lado. Quando comecei a me afastar, ela gemeu e veio cambaleante.
Virei-me para começar a correr, mas nesse momento, vi outro homem se aproximando de mim, já a menos de três metros de distância. Indo para o meio da rua, e vi surgirem como que do nada, mais três pessoas no mesmo estado, cercando-me. Aparentemente eu chamara atenção dessa multidão com a luta na lanchonete. "Porque a gente só percebe o perigo quando a merda já ta feita?", pensei.
Saí correndo pela rua, empurrando uma senhora que me bloqueava o caminho, nem vi se ela caiu ou não. Correndo desesperadamente, cheguei a um cruzamento e parei para tomar fôlego, olhando para trás, vi todos aqueles mortos-vivos que classifiquei como "zumbis" vindo, e cada vez aparecendo mais. Quando comecei a correr de novo, um vira-lata de tamanho médio, e quase sem pêlos, saltou em meu caminho, a uns dez metros de mim. Com um rosnado surdo, veio em disparada na minha direção; em um movimento rápido, tateei minha lateral, e encontrei uma tampa de lixeira e acertei-o no focinho com toda força, fazendo-o cair rolando no chão sem se levantar mais. Mas ao fazer isso, também caí. Ao olhar para trás, vi um daqueles zumbis quase me agarrando, mas me levantei rapidamente e chutei seu estômago. Corri mais alguns metros e vi uma moto caída com a chave no contato, Montei nela e dei a partida, saindo em disparada em direção ao centro. Quanto mais perto de lá eu chegava, mais estragos eu via (carros batidos, vidraças quebradas, corpos espalhados, tanto caídos como de pé, etc.).
Tentei chegar à loja de armas para pedir ajuda, mas quando me aproximei alguns quarteirões de lá, não pude seguir de moto, devido às barricadas que havia nas ruas.
Tive que seguir a pé, em meio a uma horda de zumbis (fui agarrado duas vezes, mas tive a sorte de não estarem em muitos nessas ocasiões; consegui seguir sem ser ferido); nunca corri tanto em minha vida.
Chegando lá, quase fui executado pelo lojista. Depois de alguma conversa, ele disse que alguns policiais o tinham contatado há algumas horas, perguntando-lhe por seu armamento, mas como não restavam mais armas devido à distribuição dois dias antes, não pôde ajudar. Pedi para me acompanhar até a delegacia, onde agora pensava que teríamos mais chances, mas ele se recusou a sair da loja; tudo o que fez, foi me dar uma pistola e um pouco de munição, ficando apenas com uma espingarda.
No caminho da delegacia, não houve grandes incidentes, bastou pular algumas grades e muros. No pátio, me dirigi para a porta principal, mas ao me aproximar, vi um helicóptero passando bem acima de mim. Gritei o mais que pude, pulei, agitei os braços, mas não adiantou.
Ao parar de gritar, ouvi uma respiração alta na direção da entrada; virando-me, tive uma visão terrível: uma "coisa" grudada na parede acima da porta como uma lagartixa, se parecia com um homem, mas tinha garras enormes, os músculos e cérebro expostos, como se fosse vinda do inferno. Aquilo saltou em minha direção, eu me afastando e atirando, fiz com que ele caísse inerte no chão. Aproximei-me dele para vê-lo melhor, julgando que estivesse morto, mas a um metro de distância, a coisa abriu a boca e soltou uma língua enorme em minha direção. Devido a uma esquiva rápida, eu me salvei e corri para o portão da frente pensando: "Até parece que eu vou entrar nesse ninho de pesadelos...".
Fui andando pelas ruas sem rumo. Zumbis vinham de todos os lados; cheguei a gastar um pente inteiro, mas sempre surgiam mais deles. Pulei em um bueiro que estava aberto, na esperança de que não houvesse mortos nos esgotos. Não andei muito até dar de cara com um ninho de baratas, cada uma maior do que um rato. Não me aproximei e voltei para pegar outro caminho.
Ao passar por uma grade, me deparei com um grande labirinto de galerias e encanamentos. Andei por alguns minutos sem problemas, mas ao dobrar um corredor, encontrei uma aranha do tamanho de um bezerro. A luta foi difícil, por duas vezes ela quase me pegou. Quando ela morreu, eu já não tinha mais balas.
Mal comecei a andar, e outra maior ainda apareceu. Minha vida passou diante dos meus olhos nesse momento; mas a tensão durou pouco, pois dois segundos após ela aparecer, uma rajada de balas atingiu o aracnídeo, matando a criatura imediatamente. Era um homem esquisito, vestido como soldado e usando a logo da Umbrella Inc., aquela empresa farmacêutica que controlava a cidade toda. Ele se mostrou admirado por encontrar alguém ainda vivo, mas estava extremamente pálido e abatido. Conversamos por algum tempo, e depois saímos do esgoto. Dirigimo-nos a um lugar seguro mostrado por ele, um escritório que ficava em um prédio pequeno no coração da cidade. Ali ele me contou tudo o que havia acontecido, desde os assassinatos na floresta, até o surto de mortos-vivos, causados pela bendita Umbrella, que secretamente produzia armas biológicas. Também contou que a empresa designara um verdadeiro exército de mercenários para combater as criaturas que se espalhavam pela cidade, mas era tudo uma farsa e todos haviam sido mortos durante a luta. Ele também dizia estar com os dias contados, pois fora mordido no braço 3 horas antes de nos encontrarmos e iria se tornar um deles. Até então eu não parara para pensar que aquele mal era transmitido através da mordida. Esse mercenário era condenado à morte antes de ser contratado pela Umbrella e disse que se soubesse do que lhe esperava, preferiria ter sido executado.
Não vou entrar em detalhes sobre o que ocorreu em seguida, pois ele se matou na minha frente, não sem antes me ensinar a usar um fuzil e explicar que para matar zumbis, eu deveria atirar diretamente na cabeça.
Depois disso, não houve nada de interessante, até o dia seguinte, quando com um rádio achado no corpo de outro mercenário no qual eu reparei mais tarde, consegui contatar outros sobreviventes, que diziam estar em um galpão a leste da cidade, mas pensei: "Como eu iria chegar lá?" Eu mal sabia onde estava. Via rádio, eles me mandaram subir no local mais alto que pudesse, pois eles me mandariam um sinal em exatos dez minutos. Como eu estava em um prédio de três andares, foi o suficiente, pois ao leste, não havia obstáculos, assim, a visibilidade era total. Na hora marcada, vi um sinalizador sair de um ponto conhecido no bairro de dona Helga, uma senhora que sempre pedia um X-Burguer e um refrigerante diet ás sextas feiras. Coloquei-me em movimento.
No primeiro quarteirão, não houve problemas, mas no segundo, me deparei com um São-Bernardo de mais de um metro de altura, que me atacou furiosamente. A minha sorte, foi que ele era muito pesado para correr e eu pude me esquivar facilmente de suas investidas. Eliminei-o com certa dificuldade, pois ali havia alguns zumbis também. Não sei se por sorte ou se por mérito meu, consegui sair ileso de lá e continuei correndo.
Chegando a uma rua aberta, encontrei um carro, parcialmente em bom estado e com a chave jogada no banco do passageiro. Peguei-o e segui, já que a partir dali já não havia mais barricadas. Acelerei o mais que pude. Passando em frente à casa de dona Helga, vi que tudo estava tranqüilo, naquele bairro, viam-se muito poucos zumbis na área. Fiquei muito abalado com o fato de eu ter visto um garotinho de uns sete anos vagando sem alma por uma calçada. Lágrimas desceram pelo meu rosto.
Não demorei muito a achar o galpão; era um depósito de alguma coisa (não me lembro de que), e entrei sem ver um único zumbi por perto. Lá dentro, havia dez pessoas, das quais, só me lembro do nome de duas:
July, uma moça ruiva de olhos brilhantes e Paul, um senhor muito alto e encorpado que carregava uma espingarda enorme. Ao todo, quatro mulheres e seis homens, entre eles, um mercenário como o anterior. Durante o dia todo, tentamos traçar um plano de fuga, sem muito sucesso, pois não havia opções. Já á noite, o mercenário (que também não disse seu nome, o que me fez pensar que esses homens não o tinham) me revelou um pequeno frasco roxo, dizendo que era o G-Virus, e alegando que precisava que mais pessoas soubessem, me contou o que sabia sobre as experiências com animais, seres humanos e plantas, sobre os vírus T e G, e sobre alguns roubos internos ocorridos na Umbrella.
Três frascos do G-Virus, haviam sido roubados e levados à cidade, sendo que um deles era aquele que estava em seu poder. Para recuperar essas amostras, teriam sido levadas seis super-armas para o local: quatro da série T-00, e dois da série T-301 (não entendi nada no momento). Havia ainda outro: o Nemesis, a pior de todas, que estava lá para eliminar os membros remanescentes dos S.T.A.R.S. na cidade. Todas essas informações haviam sido roubadas por este mercenário.
Durante a madrugada, o mercenário, Paul e outro membro do grupo foram fazer uma busca, para encontrar alguma rota de fuga. Por esse tempo, reparei que um dos outros que tinham ficado não se separava de uma maleta preta. Fiquei um tanto curioso, mas não dei muita atenção. Os outros voltaram, trazendo um jipe militar, dizendo que haviam encontrado um caminho, pelas estradas do leste. Iríamos divididos no jipe e no carro trazido por mim, e a multidão que eles diziam se formar na barreira que bloqueava a estrada seria aberta com uma bomba de C4, que seria lançada improvisadamente no meio dos mortos. Percebi que Paul sempre levava a mão à costela, como se tivesse sido atingido por alguma coisa. Eles pareciam apreensivos, como se estivessem preocupados com algo. Muito preocupados.
Nem deu tempo de perguntar, pois nesse momento, a porta lateral caiu com um estrondo.
Dela surgiu um gigante de mais de dois metros de altura, totalmente careca, vestindo um sobretudo que lembrava um traje militar e usando um cinto cheio de coisas que não pude identificar, mas aparentemente não havia nenhuma arma. O mercenário gritou: "ELE NOS ENCONTROU!!! ATIRE!!!". Então começou a pior luta de todas; a criatura parecia ser de aço, pois era um dos tais T-00, como eu soube depois. O primeiro a cair, foi o almofadinha da maleta, após um único soco do monstro. Ele também quebrou o pescoço de uma mulher loira com aspecto intelectual que tentou fugir pela porta por onde ele entrara.
Eu e os outros poucos ali que estavam armados, tirávamos sem parar, mas ele parecia nem sentir as balas. Até que Paul se aproximou dele, que tentou atingir um soco na sua cabeça, mas o velho se abaixou e atirou a queima roupa com a espingarda no seu estômago, finalmente derrubando-o. Virando-se ele disse sorrindo: "Ele não ia me acertar de novo..." O que se seguiu foi muito rápido, não deu tempo de avisá-lo de que naquele exato momento o monstro se erguia novamente. Gritamos para ele tomar cuidado e ele se virou; porém só teve tempo de ver o monstro lhe agarrar pelo ombro com a mão esquerda e lhe levantar do chão, acertando o cotovelo direito em sua cabeça que ficou esmagada.
Ficamos furiosos. Eu corri na sua direção, parando a uns dois metros e alvejei seu rosto da melhor maneira que pude, deixando-lhe uma cratera na frente da cabeça. O mercenário lançou uma granada para baixo do corpo do T-00, que caíra novamente, destruindo parte do seu corpo. Um segundo após termos todos corrido do local. Mas eu não me esqueci de pegar a maleta preta, pois acreditava que poderia haver algo de valioso ali.
Saímos do depósito e corremos para os carros. Alguns zumbis haviam chegado ao local, mas nem nos preocupamos muito; matamos alguns que estavam no caminho, entramos nos veículos e seguimos, enquanto o mercenário armava a bomba.
Ao encontrarmos a enorme massa de zumbis, eu que estava ao volante acelerei o jipe e freei quase entrando em contato com a multidão. Com a força da freada somada à força do mercenário, a bomba já armada foi lançada, caindo perto da barreira de metal que bloqueava o caminho.
Os mortos começavam a encostar-se ao carro, quando acelerei novamente em marcha ré, indo para onde estava o outro carro, a um quilômetro de distância. A explosão foi tremenda, pois derrubou a barreira e todos os zumbis (alguns mais distantes apenas caíram com o impacto, se levantando logo depois).
Passamos por cima dos que estavam de pé e conseguimos fugir.
Chegamos à outra cidade algum tempo depois, acho que Corbin ou Corvin, não sei ao certo, onde cada um tomou o seu rumo, e nunca mais ouvi falar em nenhum deles.
Depois de voltar ao Brasil, continuei acompanhando pelo noticiário, o progresso da Umbrella, depois da destruição de Raccon devido a uma bomba nuclear lançada pelo governo, que explodiu bem no centro da cidade no dia seguinte à nossa fuga. Com o passar dos meses as ações da empresa perderam o valor, e por mais que negasse as acusações de bioterrorismo, a poderosa Umbrella foi dissolvida.
É verdade que eu perdi um ano inteiro nos estudos, sendo que já estava dois anos atrasado, mas esse "intercâmbio nada cultural" não foi totalmente uma perda. Na maleta que eu peguei do rapaz que morreu, havia mais de oitenta e sete mil dólares. O antigo dono deveria ter saqueado algum banco em meio ao caos da cidade. Uma pequena indenização pelo que passei.
Apesar de terem se passado alguns anos, muitas vezes ainda sonho com as coisas que vi e senti lá, e me sinto contente por ter conseguido chegar em casa inteiro e saudável. Nunca também deixei de acompanhar os noticiários, mas tenho esperanças de não ver neles aquilo com que um dia estive cara-a-cara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário